Mitos sobre Distúrbios Alimentares

A maioria das pessoas já estão conscientes de que eles existem, mas, infelizmente, muitos mitos e equívocos sobre distúrbios alimentares ainda persistem.

Os transtornos alimentares são muito mais do que apenas o conceito de “dieta extrema,” eles são distúrbios psicológicos que resultam de questões subjacentes complexas. Há muitos estereótipos e mitos que cercam os transtornos alimentares, e o estigma resultante pode tornar ainda mais difícil para que as pessoas afetadas busquem tratamento.

Os transtornos alimentares são doenças complexas e podem ser tão diversos quanto as pessoas que afetam. Para ajudar a desenvolver a conscientização e reduzir o estigma, aqui estão alguns equívocos comuns sobre transtornos alimentares.

Mito: “Distúrbios alimentares afetam apenas as mulheres”.

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Fato: Embora os transtornos alimentares sejam mais comuns em mulheres do que em homens, os homens não estão imunes a eles. Dados demonstram que transtornos alimentares são 10 vezes mais prováveis de ocorrer em mulheres do que em homens, e é mais comum para os homens sofrer de um transtorno de compulsão alimentar de anorexia ou bulimia. No entanto, qualquer distúrbio alimentar pode afetar qualquer gênero.

Mito: “Você pode dizer se alguém tem ou não um distúrbio alimentar pela sua aparência”.

Fato: A mídia muitas vezes retrata pessoas com transtornos alimentares como esqueléticas, mas a verdade é que as pessoas com distúrbios alimentares podem ser de qualquer tamanho. Além disso, nem todos os transtornos alimentares resultam na perda de peso, como acontece com o transtorno de compulsão alimentar periódica (comer compulsivo).

Você não pode dizer se alguém tem um distúrbio alimentar por sua aparência. Homens e mulheres de todas as formas, tamanhos, idades e nível socioeconômico podem sofrer de distúrbios alimentares.

Só porque uma pessoa parece ser muito magra não significa que ela tem um transtorno alimentar, e só porque uma pessoa pode parecer saudável no exterior não significa que ela não pode estar sofrendo internamente. Se alguém está acima do peso, em um peso saudável ou abaixo do peso é irrelevante, porque os transtornos alimentares não podem ser diagnosticados apenas com base no peso de uma pessoa.

Mito: “Distúrbios alimentares são uma escolha”.

Fato: Transtornos alimentares não são uma escolha. Os transtornos alimentares são muito mais complicados do que apenas um desejo de estrutura e controle. Quando uma pessoa tem um transtorno alimentar, o seu comportamento alimentar está fora de controle e severamente perturbado. Ninguém quer ter um transtorno alimentar e viver diariamente com pensamentos relacionados ao ato de comer e/ou contando cada única caloria que ingere ao longo do dia.

Se fosse tão fácil  simplesmente fazer a escolha de “parar”, as pessoas não teriam tanta dificuldade para se recuperarem.

Ninguém escolhe ter um transtorno alimentar. Na verdade eles decorrem da combinação de características genéticas/hereditárias, influências ambientais e culturais, e de problemas psicológicos subjacentes. A recuperação, no entanto, exige  que o paciente faça uma escolha consciente para mudar, geralmente começando por aceitar o tratamento adequado.

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Mito: “As pessoas magras não se tornam anoréxica ou bulímicas”.

Fato: Qualquer pessoa de qualquer peso pode desenvolver um distúrbio alimentar. As pessoas que já têm um IMC baixo ainda pode desenvolver uma obsessão com a perda de peso – dismorfia corporal – o distúrbio psicológico em que uma pessoa tem a imagem corporal muito distorcida e torna-se preocupada com imperfeições imaginárias em sua aparência física – o que pode afetar qualquer pessoa de qualquer tamanho.

A forma como alguém percebe sua aparência física pode ser distorcida por sua mente e pode ser muito diferente do que os outros veem. É por isso que alguém pode pensar que ela ou ele é gordo, quando na realidade isso não é real. Tais questões de imagem corporal são fatores que acompanham a anorexia nervosa e bulimia nervosa, e dificultam extremamente o tratamento.

Mito: “Uma pessoa se recuperou de um distúrbio alimentar quando ele ou ela atinge um peso saudável”.

Fato: Os transtornos alimentares são muito mais complexos do que simplesmente comer pouco ou comer muito, e eles geralmente indicam a existência de questões mais profundas. Eles são considerados como doenças psiquiátricas que apresentam distúrbios psicológicos significativos e devem ser tratados como tal. O tratamento adequado é necessário para resolver os problemas subjacentes, que podem ser problemas de imagem corporal e ansiedade dentre outros. Os transtornos alimentares são um mecanismo de enfrentamento. Algumas pessoas usam os alimentos para lidar com seus problemas através da compulsão, purgação ou restrição. Outros usam álcool, drogas, sexo ou outras maneiras de evitar a sensação desagradável causada por emoções muito dolorosas ou lidar com problemas. Se alguém tem um distúrbio alimentar, está funcionando para eles de alguma forma. Está ajudando-o a gerir todas as tensões  e dolorosas emoções em sua vida. Todos nós temos dificuldades em nossas vidas, e todos lidam com elas a sua própria maneira.

Algumas pessoas dependem dos alimentos para distrair-se das questões mais importantes em suas vidas, por isso é importante abordar o plano maior da questão e não se concentrar apenas em alimentos e peso.

Mito: “Você nunca pode se recuperar de um distúrbio alimentar”.

Fato: Você acha que alguém que finalmente decide procurar ajuda quer ouvir isso?

Sim, distúrbios alimentares são doenças complexas e que levam tempo e comprometimento para que sejam superadas, mas  você pode se recuperar de um distúrbio alimentar. Ela ainda pode ser uma luta diária por anos, mas com o apoio de um psicólogo, psiquiatra, nutricionista, família, amigos, e todos os outros que o/a amam e que se importam com você e com sua vida, você pode se recuperar.

As pesquisas mostram que com o tratamento 60% das pessoas podem se recuperar totalmente. A chave está em buscar ajuda. Se você está lutando com um transtorno alimentar ou transtornos alimentares, contar para alguém que você confia, e procurar ajuda é o primeiro passo para a recuperação. Esta pode ser a parte mais difícil, mas vale a pena.

Se você conhece alguém que pode estar lutando com um transtorno alimentar, converse com ele sobre isso. Os transtornos alimentares são secretos, e ninguém vai sair falando “abertamente” para todos sobre isso.

É preciso coragem  para perceber que você não quer viver no medo e com um fluxo esmagador e constante de pensamentos negativos em sua cabeça. Mas lembre-se que reconhecer que há um problema é o primeiro passo.

Valeria Palazzo Valeria Lemos Palazzo

Autoria do texto:

Valéria Lemos Palazzo – Psicóloga e Neuropsicóloga

Idealizadora, Criadora e Coordenadora do GATDA – Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares, da Ansiedade e de Humor

 

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