Compulsão alimentar ou TCAP – Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica é um transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de compulsão, onde são ingeridas grandes quantidades de alimentos (na maioria das vezes a pessoa come muito rapidamente e só “para” quando sente desconforto), acompanhada de um sentimento de total perda de controle. A pessoa que sofre de compulsão alimentar experimenta vergonha, angústia ou culpa depois do episódio de compulsão.
A compulsão alimentar é muito semelhante à bulimia. A diferença é que na compulsão (TCAP), os episódios de “descontrole alimentar” não são seguidos de medidas compensatórias (como o vômito ou uso de laxantes e diuréticos, entre outras medidas) para combater a compulsão alimentar. A compulsão alimentar é um distúrbio alimentar grave. Frequentemente a compulsão alimentar é acompanhada de comprometimento funcional do organismo, risco de suicídio e uma alta frequência de transtornos psiquiátricos como comorbidade. O transtorno de compulsão alimentar é o transtorno alimentar mais comum nos Estados Unidos, afetando 3,5% das mulheres, 2% dos homens, entre 1 e 1,6% dos adolescentes. O DSM-5, lançado em maio de 2013, lista o transtorno da compulsão alimentar periódica como um transtorno alimentar diagnosticável e, portanto, o considera uma doença. O diagnóstico da Compulsão alimentar (TCAP) é realizado através dos seguintes critérios:
- Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado por ambos os seguintes procedimentos: – Comer, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de 2 horas), uma quantidade de alimentos que é definitivamente maior do que o que a maioria das pessoas consumiria em um período de tempo semelhante em circunstâncias semelhantes.
- Uma sensação de falta de controle sobre o comportamento alimentar durante o episódio ( a sensação de que não se pode parar de comer ou mesmo controlar o que ou o quanto se come).
- Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) das seguintes características: => Comer muito mais rápido do que o normal.=> Comer até sentir desconfortavelmente cheio. => Comer grandes quantidades de alimentos quando não se sentir fisicamente com fome. => Comer sozinho, porque se sente envergonhado por quanto está comendo.=> Sentir-se enojado consigo mesmo, deprimido, ou muito culpado depois.=> Acentuado sofrimento sobre a compulsão alimentar está presente. => A compulsão alimentar ocorre, em média, pelo menos uma vez por semana durante um período mínimo de 3 meses. => A compulsão alimentar não está relacionada com a utilização de repetição de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, vômitos) como no caso da bulimia.
CAUSAS DO TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR
Geralmente, a compulsão é o resultado de uma combinação de fatores, incluindo características genéticas, emocionais relacionadas à experiências de vida.
Causas biológicas do transtorno da compulsão alimentar
Anormalidades biológicas podem contribuir para a compulsão alimentar. Por exemplo, o hipotálamo (a parte do cérebro que controla o apetite) pode não estar enviando mensagens corretas sobre fome e saciedade. Os pesquisadores também descobriram uma mutação genética que parece causar dependência alimentar. Finalmente, existe evidência de que os baixos níveis de serotonina do cérebro desempenham um papel na compulsão alimentar.
Causas sociais e culturais do transtorno da compulsão alimentar
A pressão social para ser magra pode adicionar vergonha às pessoas que sofrem de compulsão, o que faz aumentar o seu “comer emocional”. Alguns pais, acabam criando um “cenário” propício para a compulsão alimentar usando comida para conforto ou recompensar seus filhos. As crianças que são expostas à críticas frequentes sobre seus corpos e peso também são mais vulneráveis, assim como são aquelas que foram vítimas de abuso sexual na infância.
Causas psicológicas do transtorno da compulsão alimentar
Depressão e compulsão alimentar estão fortemente ligadas. Muitos comedores compulsivos estão ou já estiveram deprimidos antes. Outros podem ter problemas com o controle da impulsividade e dificuldade de lidar e expressar seus sentimentos. Baixa autoestima, solidão e insatisfação corporal também podem contribuir para a compulsão alimentar.
Compulsão alimentar e suas emoções
Uma das razões mais comuns para a compulsão alimentar é uma tentativa de gerenciar as emoções desagradáveis, como stress, depressão, solidão, medo e ansiedade. Quando você tem um dia ruim, pode parecer que a comida é o seu único amigo. Compulsão alimentar pode temporariamente fazer sentimentos como estresse, tristeza, ansiedade, depressão, e tédio “desaparecerem no ar”. Mas o alívio é apenas temporário
Eu tenho Compulsão Alimentar ?
Responda as seguintes questões. Quanto mais respostas “sim”, o mais provável é que você tenha transtorno de compulsão alimentar.
- Você se sente fora de controle quando está comendo ?
- Você pensa em comida o tempo todo ?
- Você come em segredo ?
- Você come até se sentir doente /estufado/cheio ?
- Você come para fugir de preocupações, aliviar o stress, ou para confortar a si mesmo ?
- Você se sente enojado ou envergonhado depois de comer ?
- Você se sente impotente para parar de comer, mesmo que você queira ?
O ciclo de compulsão alimentar
Compulsão alimentar pode ser reconfortante por um breve momento, mas então a realidade volta, juntamente com a culpa e a vergonha. A compulsão alimentar muitas vezes leva ao ganho de peso e obesidade, o que só reforça o comer compulsivo.
Quanto mais uma pessoa que sofre de compulsão sente-se mal em relação a si mesmo e sua aparência, mais ela usa o alimento para “lidar” com isso. Torna-se um ciclo vicioso: comer para se sentir melhor, sentindo-se ainda pior, em seguida, voltando-se para o alimento para alívio.
Sinais e sintomas do transtorno de compulsão alimentar
As pessoas com transtorno da compulsão alimentar sentem vergonha dos seus hábitos alimentares, de modo que muitas vezes tentam esconder seus sintomas e comer em segredo. Muitos comedores compulsivos estão com sobrepeso ou obesos, mas alguns estão com peso normal.
Sintomas comportamentais da compulsão alimentar
- Incapacidade de parar de comer ou controlar o que está comendo
- Comer rapidamente grandes quantidades de comida
- Comer mesmo quando está “cheio” ou sem fome
- Esconder ou estocar comida para comer mais tarde em segredo
- Comer normalmente quando estão acompanhados de outras pessoas, mas excessivamente quando está sozinho
- Comer de forma contínua durante todo o dia, sem refeições planejadas
Sintomas emocionais da compulsão alimentar
- Sentir estresse ou tensão que só são aliviadas pelo ato de comer
- Constrangimento sobre o quanto está comendo
- Sensação de dormência e/ou ausência de si mesmo durante a compulsão. A pessoa tem a sensação que “não está realmente lá”. É como se estivesse “no piloto automático”.
- Nunca se sentir satisfeito, não importa o quanto come
- Sentir culpa, desgostoso, ou depressão depois de comer demais
- Desespero para controlar o peso e os hábitos alimentares
Efeitos do transtorno da compulsão alimentar
A compulsão alimentar leva a uma grande variedade de problemas físicos, emocionais e sociais. Pessoas com transtorno de compulsão alimentar apresentam mais problemas de saúde, estresse, insônia e pensamentos suicidas do que as pessoas sem um transtorno alimentar. Depressão, ansiedade e abuso de substâncias são efeitos colaterais comuns também. Mas o efeito mais proeminente do transtorno de compulsão alimentar é o ganho de peso.
Compulsão e obesidade
Com o tempo, a compulsão geralmente leva à obesidade. A obesidade, por sua vez, faz com que numerosas complicações médicas apareçam, incluindo:
- Diabetes tipo 2
- Doença da vesícula biliar
- Colesterol alto
- Pressão alta
- Doença cardíaca
- Determinados tipos de câncer
- Osteoartrite
- Dor nas articulações e músculos
- Problemas gastrointestinais
- Apneia do sono
Como o GATDA trata a Compulsão Alimentar ?
É fundamental que você procure tratamento se você acredita que pode estar sofrendo de compulsão alimentar. Este distúrbio pode levar a graves problemas de saúde, tais como: hipertensão arterial, doenças cardíacas, diabetes e / ou morte. Um dos problemas com o tratamento da compulsão alimentar é que as pessoas com este transtorno muitas vezes procuram tratamento de perda de peso em vez de tratamento para sua doença mental. A menos que o método de perda de peso aborde a dependência comportamental de excessos, não será eficaz.
Aqui no GATDA o tratamento para o Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica é realizado através da terapia comportamental cognitiva que se mostra extremamente eficaz para esse tipo de transtorno.
A psicoterapia baseada na terapia comportamental utiliza uma variedade de técnicas para gerir e tratar alguém com um transtorno de compulsão alimentar. A ênfase durante a psicoterapia é colocada em pensamentos, emoções, comportamentos, padrões de pensamento, motivações e relacionamentos. Ele pode incluir modelos como da terapia comportamental analítica e terapia comportamental cognitiva.
A Psicoterapia é realizada por psicólogo/psicoterapeuta especializado em transtornos alimentares e terapia comportamental.
Autoria do texto:
Valéria Lemos Palazzo – Psicóloga e Neuropsicóloga
Idealizadora, Criadora e Coordenadora do GATDA – Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares, da Ansiedade e de Humor