Ansiedade é tratável, mas 80 por cento das crianças com um transtorno de ansiedade diagnosticável não estão recebendo tratamento, de acordo com o relatório de 2015 sobre saúde mental das crianças.
A ansiedade é uma parte normal da infância, e cada criança passa por fases. A fase é temporária e geralmente inofensiva. Mas as crianças que sofrem de um transtorno de ansiedade experienciam medo, nervosismo e timidez, e elas podem começar a evitar lugares e atividades.
Uma criança que vê um filme de terror e depois tem dificuldade em adormecer ou tem um medo temporário pode ser tranquilizada e confortada. Mas isso não é suficiente para ajudar uma criança com um transtorno de ansiedade para superar seu medo e ansiedade.
As crianças não tratadas com transtornos de ansiedade têm um risco maior para apresentar dificuldades na escola, evitar experiências sociais importantes, e se envolver em abuso de álcool, drogas e outras substâncias.
Os transtornos de ansiedade geralmente co-ocorrem com a depressão, bem como transtornos alimentares, déficit de atenção / hiperatividade (TDAH), e outros.
Com o tratamento adequado e apoio, o seu filho pode aprender a gerenciar com sucesso os sintomas de ansiedade e viver uma infância normal.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE NA INFÂNCIA
Distúrbio de ansiedade generalizada
Se o seu filho tem transtorno de ansiedade generalizada, ele ou ela vai se preocupar excessivamente com uma variedade de coisas, tais como notas, questões familiares, relacionamentos com colegas e desempenho nos esportes.
Crianças com distúrbio de ansiedade generalizada tendem a ser muito duras consigo mesmas e lutar pela perfeição. Eles também podem buscar a aprovação constante das outras pessoas.
Transtorno do pânico
O transtorno do pânico é diagnosticado se o seu filho sofreu pelo menos dois episódios inesperados de crise de pânico ou ansiedade, o que significa que eles vêm de repente e sem motivo, seguido por pelo menos um mês de preocupação sobre ter outro ataque, perder o controle, ou “ficar louco”.
Transtorno de Ansiedade de Separação
Muitas crianças sofrem de ansiedade de separação entre 18 meses e três anos de idade, quando é normal sentir alguma ansiedade quando um pai deixa o quarto ou sai da sua vista.Normalmente, as crianças podem se distrair com esses sentimentos.
Também é comum e normal para uma criança chorar na primeira vez que é deixada na creche ou pré-escola, e esse choro ou manha geralmente desaparecem depois que ela consegue se envolver e adaptar-se ao novo ambiente.
Se o seu filho é um pouco mais velho e incapaz de deixar você ou outro membro da família, ou leva mais tempo do que outras crianças para se acalmar depois que você sai, então o problema pode ser transtorno de ansiedade de separação, o que afeta 4 por cento das crianças. Este distúrbio é mais comum em crianças com idades entre sete a nove anos de idade.
Quando o transtorno de ansiedade de separação ocorre, a criança experimenta a ansiedade excessiva longe de casa ou quando separada dos pais ou cuidadores. A saudade e sentimentos de tristeza por não estar junto com os entes queridos é frequente e extremos.
Outros sintomas incluem recusa a ir à escola, acampamento, ou uma festa na casa de amigos, e também a exigência que alguém fique com elas na hora de dormir. As crianças com ansiedade de separação comumente se preocupam com que coisas ruins aconteçam com seus pais ou cuidadores ou pode ter uma vaga sensação de que algo terrível irá ocorrer quando eles estiverem separados.
Transtorno de ansiedade social
Transtorno de ansiedade social ou fobia social, é caracterizado por um medo intenso de situações e atividades sociais e de desempenho, como ser chamado na classe ou iniciar uma conversa com um colega.
Isso pode prejudicar significativamente o desempenho do seu filho e frequência escolar, bem como a sua capacidade de socializar com os colegas e desenvolver e manter relacionamentos.
Mutismo seletivo
As crianças que se recusam a falar em situações em que falar é esperado ou necessário, na medida em que a sua recusa interfira com a escola e o fazer amigos, podem sofrer de mutismo seletivo.
Crianças que sofrem de mutismo seletivo podem ficar imóveis e sem expressão, virar a cabeça, mastigar ou mexer no cabelo, evitar o contato visual, ou retirar-se para um canto para evitar falar.
Estas crianças podem ser falantes e exibir comportamentos normais em casa ou em outro lugar onde elas se sintam confortáveis. Os pais são surpreendidos às vezes com um professor que diz que seu filho se recusa a falar na escola.
A idade média do diagnóstico acontece por volta dos 5 anos de idade, ou quando a criança entra na escola.
Fobias específicas
A fobia específica é o medo intenso e irracional de um objeto específico, como um cão, ou uma situação, como voar. As fobias infantis comuns incluem animais, tempestades, alturas, água, sangue, escuro, e procedimentos médicos.
As crianças vão evitar situações ou coisas que elas temem, ou suportá-las com sentimentos de ansiedade, que podem se manifestar com choros, birras, esquiva, dores de cabeça e de estômago. Ao contrário dos adultos, elas geralmente não reconhecem que seu medo é irracional.
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) estão intimamente relacionados com transtornos de ansiedade – alguns podem ocorrer ao mesmo tempo – juntamente com a depressão.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
TOC é caracterizado por pensamentos indesejáveis e invasivos (obsessões) acompanhados da sensação que são obrigados a repetidamente realizar rituais e rotinas (compulsões) para tentar aliviar a ansiedade.
A maioria das crianças com TOC são diagnosticadas com cerca de 10 anos de idade, embora a doença possa afetar crianças a partir dos dois ou três anos. Os meninos são mais propensos a desenvolver TOC antes da puberdade, enquanto as meninas tendem a desenvolvê-lo durante a adolescência.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
Crianças com transtorno de estresse pós-traumático, ou TEPT, podem ter medo intenso e ansiedade, tornar-se emocionalmente entorpecidas ou facilmente irritáveis. Também podem evitar lugares, pessoas ou atividades depois de experimentar ou testemunhar um evento traumático ou com risco de morte.
Nem toda criança que experimenta ou ouve sobre um evento traumático irá desenvolver TEPT. É normal ter medo, tristeza ou apreensão após tais eventos, e muitas crianças vão se recuperar desses sentimentos em um curto espaço de tempo.
As crianças com maior risco para TEPT são aquelas que testemunharam diretamente um evento traumático, que sofreram diretamente (como ferimentos ou a morte de um dos pais), tiveram problemas de saúde mental antes do evento, e que não têm uma rede de apoio forte. Violência em casa também aumenta o risco de uma criança desenvolver TEPT após um evento traumático.
Autoria do texto:
Valéria Lemos Palazzo – Psicóloga e Neuropsicóloga
Idealizadora, Criadora e Coordenadora do GATDA – Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares, da Ansiedade e de Humor