As dietas restritivas não funcionam. E tem como consequência direta a compulsão.
Como isso acontece ?
Imagine que você está “prendendo” a sua respiração por 60 segundos.
Quando você é privado de oxigênio por um minuto, assim que você respirar novamente, sua respiração se tornará ofegante.
Em vez de respirações lentas e normais, o seu corpo “engole” desesperadamente o oxigênio para “recalibrar”.
E, só quando seu corpo volta ao equilíbrio, é que a sua respiração poderá retornar ao ritmo normal.
Você precisa de ar para viver. Ele é a energia vital para cada célula do seu corpo.
Agora, imagine privar seu corpo de alimentos por dias, semanas ou meses…
Essa privação pode ser:
- Restrição calórica (restrição quantitativa) – padrão seguido por milhares de dietas –
- Restrição a grupos alimentares ou alimentos considerados “ruins” (restrição qualitativa) – diminuindo gradualmente ou radicalmente a sua ingestão.
Talvez você possa até usar a sua “força de vontade”, e fazer isso por algum tempo.
Porém, depois de um determinado período, o seu corpo começa a notar os efeitos deste estado de restrição – o seu metabolismo cai, a sua energia diminui, você está ‘faminto’ o tempo todo, irritável, e obcecado com os alimentos. Ah, e os desejos de comida nunca param !
E, antes que você perceba, você entra em compulsão. E acaba comendo não apenas um daqueles biscoitos favoritos, mas todos eles.
Você se vê engolindo comida – rápido, sem pensar, e, tanto quanto possível.
Você perde totalmente o controle, e passa a se sentir culpado por todas as calorias que você está comendo – embora não consiga deixar de fazê-lo.
A verdade é que, assim como seu corpo precisa de oxigênio, o corpo também precisa de bastante energia que é fornecida a partir da alimentação.
Se ele está sendo privado de calorias – que fornecem nossa energia vital – ele irá buscar comida para reabastecer a energia, e retornar ao equilíbrio.
Esse comportamento não é falta de força de vontade. Não é um fracasso.
É o seu corpo em busca do equilíbrio.
Quando seu corpo é privado de alimentos, ele ativa seus mecanismos de proteção.
Seu cérebro começa a pensar – obsessivamente – em alimentos, como uma maneira de levar você a procurar comida.
Você começa a desejar doces, pães, ou sorvetes porque seu cérebro sabe que os alimentos altamente calóricos com energia rápida (açúcar) são uma ótima maneira de repor os estoques baixos de energia, e elevam o açúcar no sangue rapidamente. Seu corpo não se preocupa com saladas quando seu nível de energia está baixo. Embora verduras possuam uma variedade de vitaminas e minerais, elas não oferecem muito na forma de energia calórica.
Quando você recomeçar a comer, você comerá uma quantidade muito maior de comida, rapidamente. Seu corpo não se preocupa em comer lentamente, e nem de forma consciente após a privação porque ele está tentando obter o máximo que puder antes que venha a próxima “onda de fome” e privação imposta pela dieta. Ele está tentando alimentar o seu cérebro e cada célula do seu corpo. Seu corpo realmente não se importa se você se sentir “estufada”, ou sentir uma dor de estômago. Neste ponto seu corpo só tem como objetivo – finalmente – receber energia.
Por isso, quando você faz dietas restritivas precisa estar consciente do fato de que seu corpo vai precisar – em algum momento – de muita comida.
A verdade é que, as dietas deveriam vir com um aviso com todos os potenciais efeitos secundários (todos acima mencionados além de muitos outros), mas especialmente este aviso é fundamental:
Dieta restritiva aumenta o risco de Distúrbios Alimentares
Autoria do texto:
Valéria Lemos Palazzo – Psicóloga e Neuropsicóloga
Idealizadora, Criadora e Coordenadora do GATDA – Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares, da Ansiedade e de Humor