Existem alimentos ruins ?

Por que “Demonizamos” os alimentos ?

Imagine que você está sozinho em uma ilha deserta e deveria escolher um único tipo de alimento para comer durante um ano. Escolha que alimento você acha que seria melhor para sua saúde (não importa qual deles você gosta mais).

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  • Milho
  • Brotos de alfafa
  • Cachorro quente
  • Espinafre
  • Pêssegos
  • Bananas
  • Chocolate ao leite

Paul Rosim, professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia, fez às pessoas a mesma pergunta e descobriu que 42% das pessoas escolheram bananas, 27% espinafre, 12% milho, 7% alfafa, 5% pêssegos, 4% cachorros-quentes e 3% chocolate ao leite. Apenas sete por cento das pessoas escolheram um alimento que poderia realmente oferecer-lhes calorias suficientes e todos os nutrientes necessários para a sobrevivência a longo prazo. Não, esse alimento não seria brotos de alfafa, mas sim cachorros quentes e chocolate ao leite. Esses dois produtos fornecem proteína e gordura, dois nutrientes necessários que estariam deficientes nos outros alimentos. Em geral, os cachorros quentes forneceriam todos os nutrientes necessários, proteína suficiente e um equilíbrio de aminoácidos mais ideal, sugerindo que eles seriam mais adequados para ajudá-lo a sobreviver por um ano.

Então, por que esse professor de psicologia pergunta às pessoas o tipo de alimento que elas gostariam de ter se estivessem presas em uma ilha deserta?

Rozin descobriu que as crenças das pessoas sobre o que compõe uma dieta saudável são fortemente influenciadas pela psicologia.

Então, você acha que os alimentos são bons ou ruins?

Na pesquisa 40% das pessoas responderam que acreditam que os alimentos estão divididos entre bons e ruins. Essa tendência para dicotomizar alimentos como sendo bons ou maus para a saúde parece trazer consigo determinados esquemas de “boa comida” e “comida ruim”. As pessoas pensam que os alimentos saudáveis ​​são baixos em calorias e completos em nutrientes. E, os alimentos ditos “ruins” são vistos como baixos em nutrientes e elevados em calorias. Qual o problema de pensar desta forma? Esse pensamento categórico pode levar as pessoas a evitarem completamente alimentos que são “ruins” em grandes doses, mas são essenciais em pequenas quantidades. Além disso, em outro estudo, Rozin descobriu que bolo de chocolate era associado a culpa pelos americanos, enquanto os franceses o associam com a celebração. Os alimentos demoníacos podem levar a culpa, obsessão por comer de forma extremamente “saudável” (ortorexia) e hábitos alimentares pouco saudáveis.

A categorização dos alimentos realmente leva as pessoas a assumir que mesmo pequenas quantidades de certos alimentos são insalubres.

Para algumas pessoas a categorização dos alimentos realmente leva as pessoas a assumirem que mesmo pequenas quantidades de certos alimentos são prejudiciais à saúde. Mais de um quarto das pessoas (26%) acreditavam que uma dieta sem sal era melhor do que uma pitada de sal por dia, e quase um terço (31%) acreditava que uma dieta sem gordura era mais saudável. Porém, sal e gordura são partes essenciais da nossa dieta, conferindo benefícios à saúde em pequenas quantidades.

De acordo com a classificação de comida boa / comida ruim, Rozin também descobriu que quase a metade das pessoas acreditava que 30 gramas de chocolate tinham mais calorias do que 150 gramas de pão. Essa confusão de densidade calórica e ingestão calórica sugere que muitas pessoas tendem a assumir que os alimentos “ruins” sempre têm mais calorias do que alimentos “bons”, independentemente do tamanho da dose. Se você acha que os alimentos “bons” têm, inerentemente, poucas calorias, não importa o quanto você coma, você pode simplesmente encontrar-se comendo mais calorias do que você percebe.

Diante de tudo isso perceba que nossas cognições e atitudes moldam nossas crenças sobre alimentos tanto como qualquer “verdade” sobre o que é saudável. Crescemos com a crença de que “proteína é boa” e “gordura é ruim”. De jeito nenhum, escolheríamos um cachorro quente para ser a única coisa que comeríamos por um ano – os cachorros quentes são “porcarias”! Sim, tendemos a classificar as coisas, e com isso vem uma série de características que aplicamos geralmente a qualquer coisa que caia nessa categoria (pense em estereótipos). Mas nunca pensamos no fato de que talvez estivéssemos estereotipando a nossa comida, assumindo que, se algo pudesse não ser saudável, sempre deve ser não ser saudável. Este tipo de crença pode criar uma visão muito distorcida da comida, associando coisas deliciosas, como bolo de chocolate com culpa em vez de celebração.

 

AValeria Palazzo Valeria Lemos Palazzoutoria do texto:

Valéria Lemos Palazzo – Psicóloga e Neuropsicóloga

Idealizadora, Criadora e Coordenadora do GATDA – Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares, da Ansiedade e de Humor

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