Por que algumas pessoas não engordam ?

Comer e não engordar é um sonho para alguns, um pesadelo para os outros e, em ambos os casos, uma realidade que não só depende de fatores ambientais e dietéticos, mas que é determinada pela herança genética. Conhecer os genes que predispõem para o excesso de peso pode ajudar a achar saídas para a atual epidemia de obesidade.

A obesidade é um problema de saúde pública global que afeta milhões de pessoas. Existem muitas razões pelas quais as pessoas adquirem diferentes quantidades de peso e de gordura que são armazenados em diferentes partes de seus corpos.

Procurando por estas razões, os pesquisadores internacionais têm analisado as razões genéticas, detectando ligações genéticas para a obesidade.

Ao analisar amostras genéticas de mais de 300.000 pessoas para estudar a obesidade e a distribuição da gordura corporal, pesquisadores completaram o maior estudo de variação genética  e detectou mais de 140 locais em todo o genoma que desempenham papéis em vários traços na obesidade.

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A genética é a grande responsável por algumas pessoas nunca engordarem

Supondo que os seres humanos estão programados para armazenar calorias (porque a comida era escassa durante a maior parte do período de evolução da humanidade) e muitos de nós têm uma propensão a engordar, por que alguns de nós permanecem magros ?

Não podemos dizer com certeza o quanto os nossos antepassados comeram, mas muito provavelmente não houve longos períodos de oferta abundante de comida em nossa história evolutiva.

“Nós sabemos que fomes frequentes e prolongadas em partes do mundo têm incentivado a evolução da capacidade do corpo para armazenar gordura rapidamente e ser muito eficiente no uso de gordura (energia celular) para fazer o trabalho necessário para o esforço muscular e manutenção de funções corporais “, diz o professor Michael Cowley, diretor de Obesidade e Diabetes Institute da Universidade de Monash.

Pensa-se que entre 60 a 70% do nosso peso corporal é determinado pelos genes. No entanto, os cientistas identificaram menos de um quinto dos genes envolvidos nesse processo, e ainda não se sabe exatamente como eles atuam.

A reprodução sexual permite que a informação genética do pai e da mãe se recombinem e formem um novo indivíduo. Isso produz considerável variação genética através do carregamento de mutações benéficas e prejudiciais de gerações passadas.

É por isso que algumas pessoas até hoje carregam genes que os predispõem a magreza, embora historicamente comida era algo geralmente em falta, e quem possuísse esses genes estaria em clara desvantagem na luta para a sobrevivência.

Novo mundo, genes antigos

O problema que enfrentamos agora é que, devido à escassez de alimentos durante a maior parte da nossa história, não houve muita pressão evolutiva para que genes que nos ajudam a lidar com o nosso acesso sem precedentes à abundância de comida evoluísse. Passamos de um passado com restrições severas tanto em quantidade quanto em qualidade de alimentos para um presente onde existe excessiva fartura de alimentos saborosos e com alta carga energética (calorias) ricos em gorduras e carboidratos.

Em outras palavras, muitos de nós ainda carregam os chamados genes de gordura que nos predispõem ao ganho de peso excessivo porque estes genes não tiveram tempo para evoluir e dar uma resposta diferente à variedade de alimentos em oferta na atualidade.

Temos que lembrar que fatores ambientais, como o quanto comemos e a quantidade de atividade física que fazemos determina cerca de 30 a 40% do nosso peso.

E enquanto nós agora consumirmos alimentos mais calóricos, o nível de trabalho físico da maioria  tem diminuído drasticamente.

Como exemplo vamos considerar o ato de lavar roupa. No passado lavar roupa representava um ou dois dias de trabalho duro dependendo do tamanho da família. Agora, tudo o que é necessário é apertar um botão na máquina de lavar. O resultado é que, no nosso ambiente moderno a maioria de nós acumula quilos.

O fato é que o nosso peso é um produto tanto de nossos genes quanto do quanto nós comemos e nos exercitamos. No balanço entre essas duas influências, um” ponto de equilíbrio” se estabelece. Para a maioria de nós, este é o nosso peso “padrão”.

Assim, mesmo que uma pessoa com sobrepeso possa comer menos e se exercitar mais, perder peso ainda pode ser um desafio se, por exemplo, essas pessoas estiverem programadas geneticamente para usar a energia de forma mais eficiente.

Da mesma forma, algumas pessoas magras têm a sorte de possuir um conjunto de genes que garantem que elas permanecerão magra, apesar de um estilo de vida sedentário e tantas tentações gastronômicas.

Os genes influenciarão o apetite, levando-os a comer menos e fazendo com que percebam quando estão cheios, bem como permitem um menor armazenamento de energia (gordura) e mais uso dessa energia.

É apenas a sorte no sorteio da loteria genética.

Valeria Palazzo Valeria Lemos Palazzo

Autoria do texto:

Valéria Lemos Palazzo – Psicóloga e Neuropsicóloga

Idealizadora, Criadora e Coordenadora do GATDA – Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares, da Ansiedade e de Humor

 

 

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